VPA: Mercado local é montra de produtos genuínos e de qualidade de vida

Os produtores de várias freguesias do concelho de Vila Pouca de Aguiar trazem todas as sextas-feiras, plantas, hortícolas, flores, compotas, azeite, cogumelos, frutas, ovos, fumeiro ou animais vivos.

Faça chuva ou sol, sexta-feira de manhã é dia de Produtos D`Aguiar no Mercado Municipal. Os produtores vendem aquilo que colhem da terra. São produtos biológicos, sem pesticidas, mas com muito sabor.

Francisco Violante é de Soutelo de Aguiar. Vai ao mercado todas as sextas-feiras, e não se arrepende da viagem. Conhece a qualidade dos produtos e a importância da coesão económica, em territórios de baixa densidade.

“Na base da economia circular, eu prefiro ou tento comprar às pessoas da nossa zona, em detrimento das grandes superfícies, mas também porque os produtos são de melhor qualidade”, explica enquanto coloca no saco chuchus, repolhos e abóboras, com muito cuidado até porque já tem no interior queijo de cabra, ovos caseiros e alheiras. É cliente assíduo deste mercado local. Reconhece que o preço é “ligeiramente” mais acessível nas grandes superfícies, mas o barato muitas vezes sai caro, e por isso, é no mercado municipal que gosta de fazer as suas compras.

“É uma pena as pessoas não virem cá mais vezes, porque é, realmente, um sítio onde as pessoas podiam comprar os produtos que são colhidos na nossa terra, portanto, supostamente, com menos adubos, herbicidas, ou seja, são mais naturais e a um preço, relativamente, acessível”.

O Mercado Municipal abre entre as oito e o meio-dia. Antónia é uma das primeiras a chegar. Há dois anos que faz este mercado e engane-se que é só para produtores mais velhos. Tem 52 anos e chega de Tresminas para vender o que plantou na sua horta. Esta sexta-feira colocou à venda “couve, feijão, cebola, batata, castanha, noz e amêndoas. É conforme a época, o que colhemos depois trazemos para aqui”, diz sabendo que esta é das poucas formas de escoar produto.  “Como somos agricultores ‘pequeninos’ não temos outra hipótese. Não conseguimos vender para grandes cadeias alimentares”, frisou esta produtora que ainda está a recompor-se do incêndio de há dois anos.

Todas as semanas é procurada por muitos clientes. “Os clientes por acaso, gostam muito dos nossos produtos, porque como estamos na agricultura biológica, não levam qualquer tipo de pesticidas, portanto, o sabor é completamente diferente”.

 

NO MERCADO HÁ ESPAÇO PARA DOCES

São conhecidos por vender frutas e hortícolas, mas neste mercado também há espaço para doçuras, que o diga a comerciante da Dona Doces. Em fevereiro completa um ano de participação neste mercado e não está arrependida da decisão. “Eu gosto de estar aqui, é bom, participar com estes senhores que estão aqui a vender muitas coisas e ajuda o município. Foi uma oportunidade que apareceu.”

Brasileira, mas a residir em Vila Pouca de Aguiar esta comerciante colocou à venda brigadeiros, bolo no pote e salgados.

Cidália Afonso de 47 anos é vendedora neste espaço desde a pandemia. De Vreia de Jales trouxe produtos biológicos da exploração, fumeiro, mel e compotas. Vende bem diz. “Já temos alguns clientes fidelizados. Compram em pequenas quantidades, mas é sempre tudo fresquinho e vêm cá por causa disso e pela qualidade”.

Na banca do lado, Ermelinda Costa faz a feira há quase dois anos. Já não passa sem este mercado. Vende melhor no verão. Diz que é muito procurada pelos emigrantes. “Tem vezes que sim, as pessoas mais de idade. Os novos trabalham, [vêm] sobretudo as pessoas mais idosas. Muitos vão ao supermercado, há lá de tudo, então compram lá. No verão é melhor, os emigrantes gostam de vir cá ao mercado”, aponta esta produtora de 65 anos de Vreia de Bornes.

De grandes superfícies está Nazaré Teixeira e Maria Abelha “saturadas”. Preferem o Mercado, também para "ajudar os lavradores, que bem precisam”, e “no fundo o preço e a qualidade compensam”.


“MERCADO D’AGUIAR”

O Município de Vila Pouca de Aguiar criou o Mercado Local das Terras de Aguiar “Mercado de D’Aguiar” que funciona semanalmente no Mercado Municipal.
Este mercado pretende ser um espaço de diferenciação e valorização, enquanto espaço vocacionado para a venda direta das produções locais aos consumidores numa perspetiva que conjuga, a fidelização e satisfação dos consumidores com reforço da imagem dos produtos locais das terras de Aguiar, potenciando uma campanha de divulgação do mercado local, contribuindo para a geração de um quadro de desenvolvimento sustentável, que associa a tradição e o rural à inovação.

Os produtores de várias freguesias do concelho de Aguiar, sempre com uma relação próxima dos técnicos municipais e com uma preparação prévia para o efeito, trazem todas as sextas-feiras diferentes produtos.

Criado há vários anos, este Mercado ganhou maior destaque desde 2023, fruto de uma candidatura da Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT) destacou Maria Emília Alves, técnica do gabinete de apoio ao agricultor da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar.

“É uma medida das cadeias curtas onde foram beneficiados cerca de 17 produtores e cuja vinda ao mercado é financiada. A candidatura terminou a 31 de dezembro de 2024, mas houve alguns produtores que, apesar de já não estarem a ser financiados, continuam a vir. Esta medida é muito boa porque incentivou a vinda de novos produtores ao mercado. Em termos médios, temos 12 a 15 produtores que fazem todas as feiras”, relembrou Maria Emília Alves.

 

Sara Esteves

Fotos: Joel Magalhães


21/01/2025

Sociedade